sexta-feira, 18 de setembro de 2020


 

 

Tarja Preta

 

Da janela

Céu azul.

O verde inunda

Os olhos

Desesperançosos


 

Coração,

Triste música.

Pensamentos...

Tarja preta

Me define.

 

Aciono memória,

Pessoas, histórias,

Infinita saudade...

Tudo se faz jardim

De repente em mim

 

Na rua, silêncio.

Aqui dentro, medo.

Serão dias?

Um trem bala

Atravessa minh ‘alma.


Poema escrito em abril de 2020, em plena Pandemia.




 

terça-feira, 4 de agosto de 2020


A Bailarina
  
A bailarina rodopia no palco da vida
É tão leve, bela, meiga
Não deve existir nada que a aflija.
Seu corpo transcende a qualquer dimensão,
Seguindo acordes do coração.
Do início ao fim da música,
Inebriados, sem poder olhar pro lado,
Esquecemos do mundo lá fora.
Cambrê, piruetas múltiplas no ar.
Rodopia, bailarina, rodopia,
Meu coração contigo está.
Roda no ar! Desce como pluma
Brisa macia acariciando meu olhar.
Imagem inesquecível
Levo por onde andar.
Bailarina, de hoje em diante,
Você faz parte de um sonho
Que não quero apagar.
Quando penso na imagem bailando
Eu mesma rodopio no ar.
                                               Vera Bastos
Poema publicado na Antologia Poética Sarau na Casa D'alma-15 anos e no Poesia na Escola, de 2014.



quarta-feira, 29 de julho de 2020


Ao poetinha

Poetinha, meu amigo,
Emoção reencontrá-lo!
Há muito tempo tenho saudade
E nessa brincadeira embarco.

Conversamos sobre versos, amores e canções,
Apertamos as mãos,
Olhamos nos olhos,
Quanta admiração!

Itapuã mereceu poema
É pura poesia!
Passar uma tarde por lá
É coisa de rei e rainha.

Vento o tempo todo,
Céu azul, Sol a pino,
Coqueiros emolduram
Esse quadro vivo.

Difícil foi dar adeus, até logo ou tchau.
“Como a vida é a arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida”
Saí de fininho...

Carregando comigo
Esse encontro perfeito
Linha tênue
Entre a Vera e o sonho.
           Vera Bastos

Poema publicado na Antologia Poética: " Sarau na Casa D'álma"- 15 anos.
Nasceu após a visita à Praça Vinícius de Moraes em Salvador. Outubro de 2006.




terça-feira, 28 de julho de 2020


O beijo











Desejo o beijo
                      A lua nua
                                   Me  abrir em flor
Sedução, fantasia
Mistério, escuridão
O vírus a solta
                       Nos convida
                                           A reinventar o amor.
                                                                              Vera Bastos

Poema inspirado no quadro de René Magritte.

sábado, 25 de julho de 2020




Para ser um bom escriba.
(Inspirado no poema Para viver um grande amor, de Vinícius de Moraes)
Em homengem ao dia do escritor.

Para ser um bom escriba
É preciso vocação
Daquela que peito sinaliza
Numa constante obsessão
Há de se ter entrega
Muita seriedade e alguns risos.

Para ser um bom escriba
É preciso ter olhos para ver
Coração para sentir
Suas dores e as do mundo
É preciso um vazio
A ser preenchido
Numa folha, tela ou dentro de si
Uma eterna ausência
Uma busca incessante
Uma vontade louca
De deixar um pedaço de si.

Para ser um bom escriba
É preciso ter profundas gavetas
Para textos adormecerem
O quanto quiserem
E depois de acordados
Transformá-los e reparti-los.

Para ser um bom escriba
É preciso ser leitor
Apreciar Literatura
Degustá-la
Ver a arte em construção.

Para ser um bom escriba
É preciso amar o ofício
Dedicar-se por inteiro
Não para ser grande
Sim, para ser.





quinta-feira, 23 de julho de 2020




Joguei a Bússola fora

Quando pequena, adorava navegar pelos Contos de Fadas. Viagens que ganhara da mãe e da madrinha, que eram um pouco fadas. Na época não percebia. Mas desconfiava que  existiam, mesmo disfarçadas de aventais e óculos.
A vida é um labirinto. As estações marcam o tempo, rito de passagem. O destino cumpre o seu papel. Na ânsia da busca, a Bússola. Vamos seguindo, encontrando a direção ou perdendo-a. O verde é sinal aberto no peito.  Olhar pra frente é pouco! No labirinto, é preciso ver além do caminho. Nele há navegadores e seres mitológicos. Agora, eu sei!
 Num dia cinzento, de chuva fina, triste, olhei pro alto e vi quase uma miragem. Meu desejo transformara-se em realidade. A fada segurava uma tesoura. Não possuía varinha mágica, nem tão pouco poções milagrosas. Tinha sorriso nos lábios, simpatia que transborda, encantamento e paixões. Palavras certeiras, embrulhadas em papel de seda, presentes que marcam a existência inteira. Fiquei feliz.
Depois da convivência, descobri: a fada  tem poderes, sim. Em todos que toca, as palavras vão brotando qual flor ,delicadas, singelas, exuberantes, belas.  Alguns vão virando um pouco fadas, encantando com  palavras outros seres pela estrada.
Ontem à noite, deitada ,observei que asas começavam a nascer em mim. Levantei assustada! Peguei  lápis,  papel e, qual borboleta  voando nas páginas brancas, fui deixando minhas flores palavras. Depois, voltei para o  labirinto, sentindo-me inteira, sem pressa de achar  caminho certo, direção exata. Joguei a Bússola fora. Plantar jardins em terra árida, pra mim é o que basta.
                                                                                                      Vera Bastos.



segunda-feira, 20 de julho de 2020



           Amigos

Abraços entrelaçados
Presença  na ausência
Pranto, riso, gargalhadas
Dormir sossegado
Sem medo de perder:
Empático olhar
Incondicional amor.
Briga, perdoa, briga
Amigo que é amigo
É pra sempre.
Não se pode
Amizade destruir.
Coração reconhece
Nada separa
Dois irmãos
Perdão une mais
Após a discussão.
E de mãos dadas
Seguem juntos
Mesmo que por trilhas
Diversas
Destino de dois amigos
É ter laços sem enlace
É ser um do outro
E não ser de ninguém
Eternamente.

                    Vera Bastos




sábado, 18 de julho de 2020


Estações em mim
         
No verão, calor em cada gesto.
Raios de luz
Sou Sol expandindo alegria.

No outono, folha mudando de cor e textura.
Se ventania, transformação repentina,
Se brisa, tempo de calmaria.

No inverno, frio é abrigo.
Recolho-me
E me reconstruo.

Na primaVera,encontro-me.
Desabrocho em flor,
Jorrando pétalas de amor.

                             Vera Bastos