Joguei a Bússola fora
Quando pequena, adorava navegar pelos Contos de
Fadas. Viagens que ganhara da mãe e da madrinha, que eram um pouco fadas. Na
época não percebia. Mas desconfiava que
existiam, mesmo disfarçadas de aventais e óculos.
A vida é um labirinto. As estações marcam o
tempo, rito de passagem. O destino cumpre o seu papel. Na ânsia da busca, a
Bússola. Vamos seguindo, encontrando a direção ou perdendo-a. O verde é sinal
aberto no peito. Olhar pra frente é
pouco! No labirinto, é preciso ver além do caminho. Nele há navegadores e seres
mitológicos. Agora, eu sei!
Num dia
cinzento, de chuva fina, triste, olhei pro alto e vi quase uma miragem. Meu
desejo transformara-se em realidade. A fada segurava uma tesoura. Não possuía
varinha mágica, nem tão pouco poções milagrosas. Tinha sorriso nos lábios,
simpatia que transborda, encantamento e paixões. Palavras certeiras,
embrulhadas em papel de seda, presentes que marcam a existência inteira. Fiquei
feliz.
Depois da convivência, descobri: a fada tem poderes, sim. Em todos que toca, as
palavras vão brotando qual flor ,delicadas, singelas, exuberantes, belas. Alguns vão virando um pouco fadas, encantando
com palavras outros seres pela estrada.
Ontem à noite, deitada ,observei que asas
começavam a nascer em mim. Levantei assustada! Peguei lápis,
papel e, qual borboleta voando
nas páginas brancas, fui deixando minhas flores palavras. Depois, voltei para o
labirinto, sentindo-me inteira, sem
pressa de achar caminho certo, direção
exata. Joguei a Bússola fora. Plantar jardins em terra árida, pra mim é o que
basta.
Vera Bastos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário